COMUNIDADE –
TEXTO 2
Todos
nós acabamos por nos tornar parte de grupos que possuem contato mais próximo à
nossa realidade diária, com os quais dividimos interesses, objetivos e
similaridades de ideias e condições, sejam econômicas ou de posição social. A
esses grupos denominamos comunidades.
O
que caracteriza as comunidades?
Em seu modelo
ideal (definição fechada do que um objeto seria, sem levar em consideração as
possíveis interferências das infinitas variáveis que poderiam transformar o objeto de um ou de outro jeito), a comunidade é definida por Robert Redfield
como sendo:
·Um agrupamento distinto de outros agrupamentos humanos, sendo
“visível onde uma comunidade começa e onde ela acaba”;
Pequena,
a ponto de seus limites estarem sempre ao alcance da visão daqueles que a integram;
·
Autossuficiente,
“de modo que atenda a todas às necessidades e ofereça as atividades necessárias
para as pessoas que fazem parte dela”. Independente dos que estão de fora.
Embora as
definições de Redfield sejam referentes às formas que tomavam as comunidades
principalmente agrárias, que ainda sobrevivem hoje em alguma medida, e as
anteriores à nossa modernidade pós revolução industrial, é possível
traçar uma referência ao nosso convívio moderno e nas formas que uma comunidade
toma em nossa realidade.
Comunidade e modernidade
Trata-se
então de não apenas um corpo ou um objeto, mas também de uma construção
ideológica que se baseia na necessidade individual da segurança, do conforto,
da familiaridade e do sentimento de pertencimento, de que fazemos parte de algo
maior que nossa individualidade, da delimitação do “Nós” (o
familiar) e dos “outros” (o estranho). Nesse ponto, o autor Zygmund
Bauman nos esclarece: “pertencer a uma comunidade significa renegar parte de
nossa individualidade em nome de uma estrutura montada para satisfazer nossas
necessidades de intimidade e da construção de uma “identidade”
A construção
de uma fronteira entre o familiar, o “de dentro”, e o
estranho, “o de fora”, é a essência que fundamenta uma
comunidade. Para tanto, deve existir um policiamento por parte dos integrantes
desta comunidade, para que ideias “estranhas” não entrem em seu meio e ameace a
estrutura construída em torno das ideias familiares. Esse fenômeno é observável
em alguns grupos religiosos sectaristas que buscam se separar e se diferenciar
ao perseguir um ideal de “pureza” que envolve o estabelecimento de
comportamentos e prática de atividades que estão relacionados diretamente às
suas crenças religiosas. Dessa forma, a comunidade se estabelece dentro da
vontade comum na busca de se diferenciar do que é considerado profano por sua
crença, que se relaciona diretamente ao que é considerado sagrado. Desta forma,
são construídas determinações quanto a valores e interpretações de fenômenos
dos quais todos os seus integrantes compartilham e valorizam, em alguma medida,
em detrimento dos ideais e características que são atribuídas ao comportamento
dos que se encontram do lado de fora, que representam o impuro e o profano.
FONTE:
Redfield,
Robert. Little
community and peasant society and culture - University of Chicago Press,
1989.
Bauman, Zygmunt, 1925- Comunidade: a busca por segurança no mundo atual / Zygmunt Bauman; tradução Plínio Dentzien. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
Bauman, Zygmunt, 1925- Comunidade: a busca por segurança no mundo atual / Zygmunt Bauman; tradução Plínio Dentzien. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
LEITURA
RECOMENDADA:
http://www.periodicos.ufc.br/index.php/revcienso/article/view/511/494
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