sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Sociologia - Aula 08 (PAS) - Colonização da América

                                                    
Sociologia – Aula 08 / A questão do outro / Colonização da América


Data: 25/11/2016
Turma: Processo Seletivo Seriado (PSS/PAS)
Tema: A questão do outro / Etnia / Colonização da américa
Profª Talita Godoy
Extraído de sites citados



PARTE I


Etnia, etnicidade e etnocentrismo

A palavra "etnia" é derivada do grego ethnos, significando "povo" que tem o mesmo ethos (caráter moral, costumes, cultura), costume, incluindo língua, raça, religião etc. 

Etnicidade é o conjunto de características comuns a um grupo de pessoas, que as diferenciem de outro grupo. Normalmente essas características incluem a língua, a cultura e também a noção de uma origem comum. A definição da natureza das relações étnicas, a percepção do papel social dos indivíduos no seu próprio grupo e fora dele.
Grupos minoritários - o termo grupos minoritários é amplamente utilizada na sociologia, sendo mais que uma distinção numérica, existem muitas minorias. Ex: pessoas altas, magras, baixas, porém estas não são minorias segundo o conceito sociológico, minorias são um grupo inferior numericamente e estão em desvantagens sociais se comparados com a grande parte da população majoritária, sendo objeto de preconceito de tal grupo dominante, tal comportamento reforça a ideia de lealdade e de interesses comuns. Por isso quando a expressão “minoria” é usada pelos sociólogos não é em caráter numérico e sim a posição subordinada do grupo dentro da sociedade, pois o termo minoria expressa a situação de desamparo, os membros deste grupo estão normalmente isolados física e socialmente, costumam se concentrar em certos bairros, cidades ou regiões. Esses grupos costumam casar entre si para manter viva sua distinção cultural.
Diferenças físicas, como a cor da pele, são, com frequência, o fator decisivo para designar uma minoria étnica, as diferenças étnicas são comuns em associações de desigualdades em relação à riqueza e ao poder.
Etnocentrismo é um conceito o antropológico que ocorre quando um determinado indivíduo ou grupo de pessoas, que não tem os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro, julgando-se melhor ou pior, seja por causa de sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, por sua forma de se vestir, ou até mesmo pela sua cultura.
A tendência é observada em ideologia nacionalistas, como o fascismo por exemplo, na qual seus seguidores tem a tendência de julgarem a cultura em que se localizam superior em algum critério em relação às demais. Tal posição não pode ser considerada com o racismo em si, pois o racismo usa critérios supostamente biológicos para estabelecer o conceito de superioridade, já o etnocentrismo usa um visual cultural e social para estabelecer o conceito de superioridade.


PARTE II

Descobrimento e colonização da América
Cristóvão Colombo chegou ao território do continente que seria posteriormente chamado de América no final do século XV, em 1492. Alguns anos depois, em 1500, Pedro Álvares Cabral tomou posse para Portugal do território que seria chamado de Brasil. Enquanto os portugueses exploravam regiões que seriam do nosso país, os espanhóis exploravam áreas das futuras América Central e América do Sul. Os ingleses foram os primeiros a ocupar territórios mais ao norte. No entanto, só seria estabelecida uma relação colonial no início do século XVII, quando foi fundado o primeiro assentamento permanente inglês com o nome de Jamestown. Datado de 1607, o assentamento passou a receber colonos da Inglaterra que se relacionavam de modo amigável com os índios da tribo Powhatan.

Naquela época, não havia dinheiro em circulação, o comércio era realizado através do escambo, ou seja, troca de mercadorias. Só que o primeiro assentamento inglês na América do Norte tinha baixa produtividade e ficou sem mercadorias para continuar fazendo trocas com os indígenas, configurando uma situação de pobreza entre os colonos.

Superada a dramática situação em Jamestown, os colonos passaram a cultivar tabaco e a prosperar. Ao contrário dos portugueses e dos espanhóis, os ingleses não encontraram metais preciosos e recorreram ao cultivo para enriquecimento. A nova condição exigia mais mão-de-obra e a Inglaterra fez novas investidas para colonização do território norte-americano. A ideia de terra fértil e abundante no novo continente, com possibilidades de enriquecimento, atraia essas pessoas. A Inglaterra já vivia problemas com o crescimento demográfico, logo a colonização se apresentou como importante alternativa. No decorrer do século XVII, um grande contingente de ingleses embarcou para o Novo Mundo formando novos assentamentos.

A produção de tabaco ocupou grandes áreas e espalhou a população por territórios mais amplos. Outro motivo para difusão do contingente populacional pelo território foi em função das diferentes vertentes religiosas. Os peregrinos, grupo religioso que buscava desvincular-se da Igreja da Inglaterra, e os puritanos, que queriam reformar a Igreja da Inglaterra, fundaram o assentamento inglês chamado de Nova Inglaterra em localidade mais ao nordeste de Jamestown. No entanto, as divergências religiosas exigiram a separação e o distanciamento dos grupos, estimulando a colonização em outras localidades.

Com o passar dos anos, na década de 1750, surgiram as treze colônias inglesas que deram início ao que, mais tarde, viria a ser os Estados Unidos, eram elas: Virgínia, New Hampshire, Massachussetts, Maryland, Connecticut, Rhode Island, Carolina do Norte, Nova York, Nova Jersey, Carolina do Sul, Pensilvânia, Delaware e Geórgia. 

Dotada de um clima semelhante ao europeu, a região que abrigava as colônias do norte não tinha uma produção diferente daquela encontrada na própria Inglaterra. Logo, seus habitantes investiram na policultura voltada ao mercado interno, predominava o trabalho familiar em pequenas propriedades. Também surgiu na região uma próspera produção de navios que sustentariam um comércio triangular, baseado na compra de cana e melado nas Antilhas, produtos utilizados para fazer o rum que era comercializado em troca de escravos na África. Por sua vez, os escravos eram vendidos nas Antilhas ou mesmo nas colônias do sul. O negócio era altamente lucrativo e ajudou a enriquecer a região.

Enquanto isso, as colônias do sul tinham solo e clima propícios para os interesses europeus. Desde Jamestown, o tabaco ganhou grande importância como produto agrícola. Mas para sustentar sua produção voltada para o mercado externo era preciso muito terreno, o que caracterizou as colônias do sul como região de latifúndios monocultores.

Configurava-se, então, uma polarização: o norte com predominância da pequena propriedade, abrigando atividades manufatureiras, com um mercado interno significativo e formado por trabalhadores livres; já o sul era latifundiário, com a produção baseada no trabalho escravo e voltada para o mercado externo. Esse antagonismo complicaria a relação colonial e culminaria em confrontos de interesses que resultariam na independência dos Estados Unidos.

As colônias que correspondem, atualmente a Nova Iorque, Pensilvânia, Delaware e Maryland localizavam-se na região central e caracterizavam-se também pela diversidade de culturas. Além da Virgínia, a Carolina do Norte, a Carolina do Sul e a Geórgia localizavam-se na região Sul. A parte da população que não tinha muita instrução concentrou-se em atividades como caça e agricultura e divertiam-se através do jogo, acompanhado de bebidas alcoólicas. A parcela da população com melhores condições construiu grandes casas e passou a imitar o modo de viver britânico, que conheciam através de revistas vindas da Europa.

A escravidão nessa região teve um caráter bastante opressor e era passada entre as gerações. Os escravos trabalhavam em plantações de tabaco e arroz, bem como nas casas dos seus senhores, e não possuíam nenhum tipo de direito legal.

O processo de colonização da América recebeu fortemente influência da Igreja Católica, tanto na defesa da colonização sob massacres e genocídios, reconhecendo a desigualdade entre as raças para impor o poder, quanto na defesa de uma colonização reconhecendo a dignidade, as diferentes identidades e tendo a igualdade entre os homens para uma colonização mais humana. Tanto Sepúlveda quanto Las Casas defendiam a colonização, porém com formas diferentes de colonizar. A elaboração de Leis, em um modo complexo, foi inútil. O que realmente interessava era o enriquecimento da Coroa, tendo em vista o latente mercantilismo que se alastrava pela Europa.

Assim como hoje o imperialismo estigmatiza nações, também o colonialismo seguiu a mesma ideologia preponderando sempre a forma do mais forte sobre o mais fraco, como no capitalismo o capital se sobrepõe a qualquer poder o mercantilismo – a forma primitiva do capitalismo – também não foi diferente, não havia qualquer que fosse a ideologia que cessasse o massacre das civilizações. O desrespeito com as leis e a impunidade é impregnado na América Latina como legado cultural, pois nós brasileiros quem digamos.




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51- Sobre o processo de colonização da América Latina pelos europeus, assinale o que for correto.

01) Os países latino-americanos têm em comum o tipo de colonização a que foram submetidos, a partir do século XVI, à chamada colonização de exploração, cujo objetivo era atender aos interesses econômicos da metrópole.
02) O processo de colonização espanhola foi realizado de maneira amena e pacífica, sendo consideradas e respeitadas as diferenças étnicas, culturais e religiosas das populações nativas.
04) Ao organizarem o sistema colonial, baseado inicialmente na exploração de ouro e prata, os espanhóis deslocaram grandes contingentes de populações indígenas para o trabalho compulsório, o que comprometeu a produção de alimentos, gerando fome e facilitando as conquistas.
08) A agressão da conquista espanhola e as transformações econômicas e sociais impostas pelo sistema colonial desestruturaram o aparato cultural e simbólico das populações nativas.


52– Um dos temas relevantes referente aos estudos sociológicos diz respeito às questões étnicas. Sobre o assunto, assinale o que for correto.

01) Uma etnia ou um grupo étnico é uma comunidade humana definida por uma origem comum, afinidades linguísticas e culturais.
02) Por terem formas diferenciadas de agir, os grupos étnicos vivem totalmente isolados do contexto social mais amplo.
04) Nos grupos étnicos, verifica-se um forte sentimento de identidade e solidariedade grupal.
08) Os conceitos de Raça e de Etnia têm o mesmo significado.


53– A família, uma das mais importantes instituições sociais vem sofrendo transformações em sua estrutura e dinâmica de atuação. Identifique os fatores que contribuíram para essas mudanças e assinale o que for correto.

01) A industrialização que promoveu o afastamento e a maior dispersão entre os membros da família.
02) A influência perniciosa dos meios de comunicação social que negam e rejeitam os valores familiares tradicionais.
04) A disseminação das drogas entre os jovens e o aumento da violência doméstica.
08) A urbanização e seus valores que trouxeram mudanças nos hábitos e costumes familiares.






Fonte:


http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/colonizacao-dos-estados-unidos
http://www.infoescola.com/historia/colonizacao-dos-estados-unidos-da-america/

http://bloghistoriacritica.blogspot.com.br/2010/03/igreja-catolica-na-colonizacao-da.html

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Sociologia - Aula 07 (PSS) - Sociologia Brasileira

                                                     Aula 07 - Sociologia Brasileira



Data: 18/11/2016
Turma: Processo Seletivo Seriado (PSS/PAS)
Tema: Sociologia no Brasil
Profª Talita Godoy
Extraído de sites citados



Introdução

Desde os primeiros passos a Sociologia dedica-se ao desenvolvimento de estudos que tem como objeto as interações sociais, a organização das sociedades e, inevitavelmente, também os conflitos entre as classes sociais. O surgimento da Sociologia no Brasil, também conhecida como Sociologia Brasileira, teve início a partir das décadas de 1920 e 1930, quando os estudiosos dessa área passaram a se dedicar a pesquisas que visavam construir um entendimento acerca da formação da sociedade brasileira analisando temáticas cruciais para essa compreensão. 

Assim, eles voltaram-se para estudos referentes a escravatura e a abolição, estudos sobre índios e negros e o êxodo dessas populações, e mesmo analises sobre o processo de colonização

A compreensão desses assuntos mostrou-se realmente uma vez que se buscava compreender a formação da sociedade brasileira. Isso porque a formação da população brasileira, das relações de trabalho e da consciência e cidadania, passava inevitavelmente pela compreensão destas temáticas.


Autores

Gilberto Freyre (1900 – 1987) é, sem dúvida, reconhecido como um dos maiores nomes da Sociologia no Brasil. Portugal, o mundo ibérico e a presença portuguesa nos trópicos frequentemente são temas de seus escritos, demostrando o papel desse povo na formação de civilizações modernas nos trópicos. Mais uma vez percebe-se o anseio da compreensão da formação da sociedade e do povo brasileiro, principal questão que move os estudos dos precursores da Sociologia em nosso país. Escreveu Casa Grande & Senzala, em Portugal, 1933.





                                                          Gilberto Freyre        


Euclides da Cunha (1866 – 1909) foi escritor, jornalista, professor e poeta, além de ter estudado Engenharia Civil por um ano, bacharelando-se como Engenheiro Militar, também cursou Matemática, Ciências Físicas e Naturais. Trabalhou como engenheiro para o governo e posteriormente começa a escrever para jornais. O jornal O Estado de São Paulo o envia à Bahia para cobrir a guerra no município de Canudos, experiência que o possibilitou escrever Os Sertões, em 1902, cinco anos após o término da guerra. Os sertões (1902) constituem um marco: a partir daí os estudiosos seriam levados irresistivelmente a intensificar o estudo da nossa sociedade de um ponto de vista sistemático, superando tanto as preocupações de ordem estritamente jurídica como as especulações demasiado acadêmicas. Euclides da Cunha impusera definitivamente a “realidade brasileira”.





                                                        Euclides da cunha



Sergio Buarque de Holanda (1902 – 1982) é reconhecido como um dos mais importantes historiadores brasileiros, mas demonstra também importante influencia e participação na área da Sociologia.  Um de seus principais trabalhos, intitulado “Raízes do Brasil” aborda aspectos centrais da formação da cultura brasileira e do processo de formação da sociedade, que como vimos, é a preocupação mais recorrente dos grandes sociólogos do Brasil. Nesta obra, mais uma vez aparece em lugar de destaque, a importância do legado português no Brasil e a dinâmica de transferências culturais que se dava entre metrópole e colônia. Escreveu Raízes do Brasil, em 1936.




                                                   Sérgio Buarque de Holanda




Florestan Fernandes (1920 – 1995) foi importantíssimo para o desenvolvimento de estudo sociológico em nosso país, isto porque sempre mostrou-se extremamente comprometido com estudos de perspectivas teórico-metodológicas esforçando-se no âmbito da fundamentação da Sociologia enquanto ciência. Foi também crucial sua atuação no desenvolvimento e orientação de pesquisas do processo de industrialização e mudanças sociais no Brasil. Sociologia crítica, reflexiva e questionadora. Em 1964, foi afastado das atividades acadêmicas quando foi perseguido pela ditadura militar brasileira. Nesse mesmo ano escreveu "A Integração do Negro nas Sociedades de Classe". Com relação ao processo de dependência da América Latina com aos Estados Unidos, escreveu o livro "Capitalismo Dependente e Classes Sociais na América Latina" (1973). Outro livro importante foi “A Revolução Burguesa no Brasil” (1975), que abordava questões sobre a resistência que a classe dominante brasileira tinha às mudanças sociais. Florestan Fernandes é considerado o fundador da sociologia crítica no Brasil. 



                                                 

                                                     Florestan Fernandes         



Darcy Ribeiro (1922-1997), antropólogo, escritor e político brasileiro, foi Ministro da Educação, entre outros cargos públicos. Desenvolveu trabalhos fundamentalmente nas áreas de educação, sociologia e antropologia. Sua principal obra “O Povo Brasileiro” (1995) traz impressões de um importantíssimo estudioso que observou durante muito tempo as características de nosso povo pensando sua formação e sua organização social. Darcy é muito conhecido também por seus trabalhos desenvolvidos a partir das temáticas voltadas para os povos indígenas, com riquíssimas observações e relatos antropológicos. Em 1953 organizou e passou a dirigir (em 1956) o Museu do Índio do Serviço de Proteção aos Índios. Colaborou com a fundação do Parque Nacional Indígena do Xingu, na região do atual Estado de Mato Grosso do Sul. Escreveu vários trabalhos em defesa da causa indígena. Em 1955 organizou o primeiro curso de Antropologia na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras, de 1993 a 1997.





                                                          Darcy Ribeiro



Vamos praticar?



 #AquiSeAprende

1 (FCC-BA) Fazendo um paralelo entre Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pode-se afirmar:
  1. Em ambas as obras predomina o espírito científico, sendo analisados aspectos da realidade brasileira.
  2. Ambas têm por cenário o sertão do Brasil setentrional, sendo numerosas as referências à flora e à fauna.
  3. Ambas as obras, criações de autores dotados de gênio, muito enriqueceram a nossa literatura regional de ficção.
  4. Ambas têm como principal objetivo denunciar o nosso subdesenvolvimento, revelando a miséria física e moral do homem do sertão.
  5. Tendo cada uma suas peculiaridades estilísticas, são ambas produto de intensa elaboração de linguagem.


2 (UNIOESTE 2009) Desde o surgimento das Ciências Sociais (Antropologia, Política e Sociologia), autores como Gilberto Freire (Casa Grande & Senzala), Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil), Florestan Fernandes (A organização social dos Tupinambá), Darcy Ribeiro (O povo brasileiro), e vários outros, pensaram e estudaram o Brasil e o ser brasileiro. Os principais temas abordados até os anos 1960 nestes estudos foram:

I. Mundo rural brasileiro e transformação do rural pelo urbano
II. Povos indígenas; população negra
III Movimentos sociais e partidos políticos
IV. Migração; identidade nacional e religião
V. Participação popular e organizações não governamentais.

Assinale a alternativa que contém toas as alternativas corretas:

a) I, II e III
b) IV e V
c) I, II e IV
d) I, II, III e IV
e) III e V





Fonte:




1.e / 2.c


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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sociologia - Aula 06 (PSS) - Carl Marx

Sociologia - Aula 06


Carl Marx

Karl Heinrich Marx, conhecido apenas como Karl Marx, nasceu em maio do ano de 1818 e morreu em março de 1883. Marx foi um importante revolucionário e intelectual alemão, fundador da doutrina comunista moderna. Além disso, ele ainda atuou como filósofo, economista, historiador, jornalista e teórico político.
Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. "Cabe agora transformá-lo", concluía. Coerentemente com essa ideia, durante sua vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária, criando um dos sistemas de ideias mais influentes da história.

Luta de classes

Na base do pensamento de Marx está a ideia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado. 

O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes (feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central. "O moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor, uma sociedade com o capitalista industrial", escreveu Marx. 


Trabalho e alienação

Em O Capital, Marx realiza uma investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. Para Marx, as estruturas sociais e a própria organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo. Por isso, para o pensador, a ideia de revolução deve implicar mudanças radicais e globais, que rompam com todos os instrumentos de dominação da burguesia. 

Marx abordou as relações capitalistas como fenômeno histórico, mutável e contraditório, trazendo em si impulsos de ruptura. Um desses impulsos resulta do processo de alienação a que o trabalhador é submetido, segundo o pensador. Por causa da divisão do trabalho - característica do industrialismo, em que cabe a cada um apenas uma pequena etapa da produção -, o empregado se aliena do processo total. 

Além disso, o retorno da produção de cada homem é uma quantia de dinheiro, que, por sua vez, será trocada por produtos. O comércio seria uma engrenagem de trocas em que tudo - do trabalho ao dinheiro, das máquinas ao salário - tem valor de mercadoria, multiplicando o aspecto alienante. 

Por outro lado, esse processo se dá à custa da concentração da propriedade por aqueles que empregam a mão-de-obra em troca de salário. As necessidades dos trabalhadores os levarão a buscar produtos fora de seu alcance. Isso os pressiona a querer romper com a própria alienação. 

Um dos objetivos da revolução prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase no pensamento marxista. "A superação da alienação e da expropriação intelectual já está sendo feita, segundo Marx", diz Leandro Konder. "O processo atual se aceleraria com a revolução proletária para alcançar, afinal, as metas maiores na sociedade comunista." 


TEXTO 2
Analisando o capitalismo, Marx desenvolveu uma teoria para o valor dos produtos: o valor é a expressão da quantidade de trabalho social utilizado na produção da mercadoria. No sistema capitalista, o trabalhador vende ao proprietário a sua força de trabalho, muitas vezes o único bem que ele tem, tratada como mercadoria, e submetida às leis do mercado, como concorrência, baixos salários. “Ou é isto, ou nada. Decida-se que a fila é grande”. A diferença entre o valor do produto final e o valor pago ao trabalhador, Marx deu o nome de mais-valia, que expressa, portanto, o grau de exploração do trabalho. Os empregadores tem uma tendência natural de aumentar a mais-valia, acumulando cada vez mais riquezas.

Ideias marxistas 

Este filósofo alemão foi expulso da maior parte dos países europeus devido ao seu radicalismo. Seu envolvimento com radicais franceses e alemães, no agitado período de 1840, fez com que ele levantasse a bandeira do comunismo e atacasse o sistema capitalista. Segundo este economista, o capitalismo era o principal responsável pela desorientação humana. Ele defendia a ideia de que a classe trabalhadora deveria unir-se com o propósito de derrubar os capitalistas e aniquilar de vez a característica abusiva deste sistema que, segundo ele, era o maior responsável pelas crises que se viam cada vez mais intensificadas pelas grandes diferenças sociais. 

Este grande revolucionário, que também participou ativamente de organizações clandestinas com operários exilados, foi o criador da obra o Capital, livro publicado em 1867, que tem como tema principal a economia. Seu livro mostra estudos sobre o acúmulo de capital, identificando que o excedente originado pelos trabalhadores acaba sempre nas mãos dos capitalistas, classe que fica cada vez mais rica, as custas do empobrecimento do proletariado. Com a colaboração de Engels, Marx escreveu também o Manifesto Comunista, onde não poupou críticas ao capitalismo. 


TEXTO 3

Suas ideias de maior destaque, entre outras, eram as seguintes:
  • Valor – conceito que se relaciona ao tempo, qualidade e quantidade de força de trabalho empregada na elaboração de uma tarefa;
  • Trabalho – O homem, por excelência, se trata de um ente que é produtivo, e, por isso, essencialmente ativo. Desse modo, o trabalho é uma peça-chave para sua dignidade, uma vez que se trata de uma potência humana. O sistema capitalista, de forma nociva, produz riqueza a partir da força de trabalho dos indivíduos;
  • Mais-valia – trata-se da diferenciação entre o valor gerado pelo trabalho empregado pelo indivíduo e qual a remuneração que recebe do empregador capitalista;
  • Luta de classes – tensão imposta pela desigualdade de forças dos grupos sociais, que se dividem entre os proprietários – dos meios de produção – e o proletariado – os trabalhadores em si;
  • Anarquia de produção – a falta de uma organização centralizada, que promova a sinalização do direcionamento para uma produção dentro da sociedade, pode acabar gerando muitas crises, de tempos em tempos;
  • Crises capitalistas – Segundo Marx, esse sistema seria abalado por crises, de tempos em tempos, que se caracterizariam tanto por serem estruturais, quanto por sua periodicidade. Após essas instabilidades viria a crise final, acumulando as demais crises, detonando o fim do modo de produção capitalista;
  • Final do sistema capitalista – o grupo de proletários seria maior e, por isso, seus direitos podem prevalecer. Fariam protestos nas ruas, dando início a uma sociedade justa, equilibrada, acabando com a propriedade privada de todos os meios produtivos. Tudo isso culminaria em um desenvolvimento pleno do ser humano.



#AquiSeAprende

1 (Ufu 2003) Considere a citação abaixo e, a seguir, marque a alternativa correta acerca da concepção materialista da história formulada por Karl Marx. 
"... na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência."
MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. Lisboa: Estampa, 1973. p. 28. 

a) Marx expressa, também nessa passagem, sua concepção determinista e finalista, segundo a qual o conjunto das relações sociais reduz-se ao âmbito da produção econômica. 
b) Marx afirma que a moral, os sistemas políticos, os princípios jurídicos e as ideologias não têm vida própria diante do modo pelo qual os homens produzem e reproduzem a existência. 
c) Marx nega todo e qualquer papel ativo na história à consciência, sendo esta, antes, um mero reflexo da esfera da produção material. 
d) Marx sustenta que o ser social que pensa, que atua politicamente e que representa o seu espaço reproduz simplesmente as condições históricas vigentes, independente de sua classe social.



2 (Ufu 2002) Partindo de uma perspectiva marxista de análise da relação entre democracia e meios de comunicação de massa, aponte a alternativa correta.
a) Desde a antiguidade clássica, a imprensa sempre atuou em favor de grupos minoritários, procurando moldar a opinião pública em função dos interesses de classe dos proprietários dos meios de produção e dos meios de comunicação de massa. 
b) A concentração da propriedade de emissoras de rádio, televisão, jornais e editoras nas mãos de grupos empresariais restritos revela como, numa sociedade democrática, as pessoas dotadas de competência e competitividade obtêm sucesso econômico. 
c) A concentração da propriedade dos meios de comunicação nas mãos de certos grupos empresariais tende a lhes proporcionar maior capacidade tecnológica para fazer circular, democraticamente as informações, funcionando assim, como garantia do exercício da cidadania. 
d) Não passa de um mito a afirmação segundo a qual os meios de comunicação de massa são porta-vozes dos interesses da coletividade, já que no fundo, eles estão subordinados à lógica do capital que domina o mundo da mercadoria.






Fonte:
http://acervo.novaescola.org.br/formacao/karl-marx-filosofo-revolucao




1.b / 2.d


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