sexta-feira, 15 de abril de 2016

Criatividade e Inovação



“O que todos os empreendedores de sucesso têm em comum não é um certo tipo de personalidade, mas um compromisso com a prática sistemática da inovação”
(DRUCKER, 1989).


Podemos afirmar que a criatividade está para as pessoas assim como a inovação está para as empresas. Esta é uma forma simples de enxergar a questão. A relação entre a inovação e as organizações é muito mais extensa e complexa.

Uma pessoa que não gosta de riscos e é pouco criativa pode ter mais dificuldades em chegar às suas metas e aos seus objetivos e também levar mais tempo para resolver as dificuldades, seus problemas. Apesar disso, sua vida é normal e ela não se ressente de maiores problemas por conta dessa característica.

Não se pode pensar da mesma forma quando se trata de uma empresa. A maioria das empresas que não tenta inovar, mais dia ou menos dia, vai sentir o resultado dessa postura, podendo chegar ao ponto de encerrar sua existência. Isso significa que a inovação, quando se trata de empresas, não é somente uma questão de fazer as coisas de forma benfeita ou da melhor maneira. Em muitos casos, é uma questão de sobrevivência.
Por que isso ocorre? Porque, na condição individual, as pessoas acham vários modos de realizar ou atingir seus objetivos. Os objetivos pessoais variam muito quando se de pessoas. Nas empresas, não é assim. Por mais diferente que seja o seu formato, a meta é, quase sempre, produzir lucros e assegurar a sobrevivência e continuidade dos negócios.
Para conseguir esta posição, é necessário ter um bom desempenho que indica a saúde da empresa e sua capacidade de atrair. Isso é conseguido quando existem clientes suficientes para consumir seus produtos e não os da concorrência.

Manter os negócios e a empresa sem grandes inovações foi relativamente possível nos primeiros 30 ou 40 anos após as revoluções tecnológicas que surgiram no século XX. Havia muitas novidades a consumir e, enquanto não se esgotavam essas possibilidades, quem fabricava impunha ao mercado aquilo que sabia fazer.

Na razão direta da popularização das novidades da época, o avanço da tecnologia entrou em um ritmo mais veloz, e as empresas que não estavam preocupadas com a inovação sentiram a diminuição das suas vedas e viram seus negócios começarem a ser impactados pelos novos tempos. Como consequência, as margens de lucro começaram a cair rápido demais.

O que se viu? O surgimento de novos concorrentes, de forma muito rápida e em volumes nunca vistos. Havia, então, a necessidade de encontrar maneiras e caminhos para se diferenciar das marcas que não paravam de surgir. Essa diferenciação ganhou o nome de inovação.

Atualmente, o que se sabe é que ter uma estrutura de custos bem organizada e enxuta, além de ter processos produtivos modernos e bem administrados, não é o suficiente para crescer e, em muitos casos, nem sobreviver. Se a concorrência é inovadora, você precisa inovar, preferencialmente, mais ainda.





Antes de qualquer consideração, é preciso mencionar o nome de Joseph Schumpeter (apud ACADEMIA PEARSON, 2011), professor da Universidade de Harvard. Ele deu forma a dois conceitos que se tornaram referência aos estudos sobre inovação. São eles: destruição criativa e ciclo econômico.
Segundo Schumpeter, o capitalismo nunca alcança a estabilidade, pois se espera que ele viva em constante evolução. Períodos de expansão e de recessão fazem parte do processo do capitalismo.

O que move essa evolução é originado por fatores externos (guerras, revoluções), em função do crescimento da população e do capital e da inovação, que é um fator inerente do sistema. O crescimento do capitalismo move-se de dentro para fora já que cria novos bens e produtos de consumo, novos mercados, novos consumidores, novos modelos de produção, transporte e distribuição e novos formatos de organização das empresas.

Faz parte da atitude do sistema capitalista destruir antigos modelos e substituir por novidades. Esse processo que não para é o que Schumpeter chama de destruição criativa. 
Entende-se que quando o processo inovatório é mais forte do que em determinado setor, esse setor transforma-se em líder da economia. É relativamente fácil perceber isso observando nosso mercado como consumidores. Essa liderança proporcionará à empresa uma época de prosperidade até que apareça um concorrente mais ágil e mais criativo e tome dela essa liderança.

Esse movimento de rotação contínuo provoca o que é chamado de ciclos econômicos, representados por grandes ondas de prosperidade. Essas ondas são seguidas por depressões de estagnação e recessão.

Além de Schumpeter, outro nome importante para os estudos da inovação é Peter Drucker (apud ACADEMIA PEARSON, 2011), considerado o pai da Administração Moderna. Segundo Drucker, a única razão para a existência de uma empresa são seus clientes, portanto empresas têm como funções básicas o marketing e a inovação.

De acordo com Drucker, não é necessário que a empresa ou o negócio se tornem maiores, mas necessariamente nunca deixem de se transformar para melhor. Isso significa inovar!
Drucker também criou a ideia da empresa inovadora. Esse conceito explica que não bastam grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O que é necessário é que haja uma atitude voltada para a inovação.

“A organização inovadora compreende que a inovação começa com uma ideia e estimula e orienta os esforços para transformar essa ideia em um produto, processo ou tecnologia. A organização mede as inovações não por sua importância científica ou tecnológica, mas por aquilo que contribuem para o mercado e consequentemente para o cliente. Considera a inovação social tão importante quanto a inovação tecnológica. A empresa inovadora não começa com ´um orçamento de pesquisa´; começa determinando quanta inovação será necessária para permanecer no mesmo nível" (DRUCKER, 1989, P.256).

Já sabemos que o capitalismo dá origem à destruição criativa e aos ciclos econômicos. Eles são necessários para que o capitalismo se mantenha preferencialmente em crescimento ou, ao menos, vivo.

Se assim é, podemos afirmar que a maioria dos produtos já nascem com ciclo definido de viver em várias fases e, ao final, morrer ou desaparecer e ser substituído por outro, mais moderno ou mais necessário.

Isso significa que a maioria das empresas precisa preparar-se para enfrentar o fim ou a substituição dos seus produtos, ou morrerão com eles.

A boa notícia é que há instrumentos e ferramentas para analisar o desempenho de um produto. É possível prever e considerar a aproximação do declínio e tomar providências para se manter no mercado ou para se preparar para substituí-lo e não experimentar um declínio acentuado das receitas de vendas e, por consequência, dos lucros.

UM POUCO MAIS SOBRE INOVAÇÃO

A primeira coisa que não podemos perder de vista é que não basta gerar conhecimento se não puder torna-lo aplicável na forma de m produto prático e vendável. A segunda coisa que precisamos lembrar é que a inovação não se refere somente à produtos, mas também a processos. Além de criar produtos inovadores, é também importante conceber modelo e forma de produção inovadores. Os processos inovadores aumentam a capacidade de inovação do produto e aumentam substancialmente a capacidade de baixar custos e aumentar a produtividade. O desenvolvimento de novos produtos e de novas formas de produção faz parte da inovação. Sem eles, as inovações ficariam somente na condição de boas ideias.

Falando de inovação e desenvolvimento de produtos, uma empresa tem basicamente as alternativas listadas a seguir:

·     - Produtos novos. Aqueles que criam novos mercados;
·   - Linhas de produtos novos que dão à empresa a possibilidade de entrar em mercados já existentes, mas ainda novos para a empresa;
·  - Aumentos nas linhas de produtos já existentes, ou seja, incrementos nas linhas já produzidas e comercializadas. Novos atributos, cores, tamanhos etc;
·     - Melhoramento e revisão de produtos existentes. Novos produtos que venham a substituir outros no mercado, mas com melhor desempenho e maior valor agregado que deve ser percebido pelo cliente. Um bom exemplo são os novos sabões lava roupa com amaciante que começam a substituir os sabões tradicionais e os amaciantes (2 produtos em um só);
·     - Reposicionamentos que são a forma de redirecionar os produtos para novos segmentos e mercados;
·   - Redução de custo. Novos produtos parecidos com os já existentes, mas com custo de produção mais baixo.

Estima-se que 9% dos produtos desenvolvidos são novidades consideradas realmente inovadoras. A maioria dos movimentos nesta área é voltada para melhorar e aperfeiçoar produtos já existentes. Apesar do número baixo, afirma-se que a inovação contínua é questão fundamental de muitas empresas. As empresas que conseguem ser inovadoras distinguem-se por uma atitude positiva com o assunto, pois, geralmente, são incentivadoras do processo inovatório.

No processo de inovação em produtos e processos, estão envolvidos diferentes profissionais. Cada um tem sua visão do processo. Cada um enxerga uma parte do processo. Quando se consegue que todos trabalhem com sinergia e de forma colaboradora, são maiores as chances de sucesso.

   


Aula de Empreendedorismo, inovação e criação de negócios
Curso de Secretariado Executivo
Setembro / 2014



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