segunda-feira, 29 de junho de 2015

Semiótica na Publicidade - Texto Leandro Araújo


O texto abaixo é do aluno de Publicidade e Propaganda, Leandro Araújo. O tema Semiótica foi escolhido por ele para apresentação de artigo na disciplina Tópicos Avançados em PP. Agradeço o envio para publicação no nosso blog, cuja finalidade é enriquecer o material disponível para consulta, como resultado de uma primeira experiência de pesquisa e produção de texto. Fico feliz e honrada pela contribuição para esse espaço, que é nosso. Que venham outros!!!


SEMIÓTICA NA PUBLICIDADE


INTRODUÇÃO

A semiótica é a Ciência que estuda toda forma de comunicação do homem, está presente nas interpretações de tudo ao seu redor. A publicidade tem o papel de persuadir o consumidor influenciando seus desejos, identificando as necessidades através das técnicas de manipulação.

O ser humano é simbólico e a semiótica atua como interprete das significações da mente, diversos fatores estimulam o consumidor ao ato de consumo como: as cores, formas, cheiros, sons, imagens, etc.

A publicidade pesquisa o público alvo, cultura, hábitos, desejos e necessidades, é capaz de inserir novas atitudes e transformar a cultura do receptor, mas também pode excluir o consumidor que não se identifique com determinado produto, serviço ou marca.


SEMIÓTICA E SOCIEDADE

Existem diversas maneiras de identificar a Semiótica no dia a dia, segundo Harry Pross, Cientista Político e Cientista da Comunicação, teórico da mídia na Alemanha.
Os símbolos, que responsáveis pela consciência levam a reflexões através da semiótica conduzidos desde a infância através das imagens, crenças, sons.

“O signo sócio cultural o anunciante que apresenta e o consumidor que percebe uma mercadoria como um signo sociocultural correlacionam um produto com o grupo social ou cultura, sob seus pontos de vista, estão tipicamente associados com ele (...)”. (SANTAELLA, 2010, p. 62)

As referências estimulam gostos e opiniões pré-definidos, com a influência que herdamos, somos influenciados a acreditar em diversos contos muitos deles lúdicos, estórias que são contadas e que nos fazem ter durante boa parte da vida uma ideia distorcida da realidade.


“ O fato é que o consumo traduz a vida do nosso tempo com uma clareza que poucos fenômenos possuem e que, através do sistema publicitário, ele adquiri sentido social, pois as marcas, os bens, os produtos e os serviços ganham, nesse discurso, a suas identidades e, com elas uma existência concreta em nossas vidas. ”
(GASTALDO, 2013, p.09)



PUBLICIDADE COMO REFERÊNCIA SOCIAL


A Propaganda tem influência nessa questão com lançamento de campanhas publicitárias bem marcantes estimulando com imagens, sons (jingles), produtos e com personagens fictícios. Segundo Pedro Paulo Funari, professor de história e arqueologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Papai Noel moderno que foi usado pela empresa de refrigerantes COCA-COLA no século XIX.

Originalmente representado com uma roupa de inverno de cor verde ou marrom, mas em 1886, o cartunista alemão, Thomas Nast, criou uma nova imagem. A roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto, criada por Nast foi apresentada na revista Harper’s Weeklys do mesmo ano.

Em 1931, a Coca-Cola apresentou em uma campanha publicitária o mesmo desenho desenvolvido por Nast, propaganda a qual foi lançada em uma época de inverno intenso onde as vendas da bebida tinham uma grande queda, com o principal objetivo em aumentar as vendas, uma jogada de marketing muito bem elaborada e desenvolvida que mantém até os dias de hoje, sendo a referência mais forte do símbolo do natal.   

            
Papai Noel de Thomas Nast
Papai Noel de Thoma Nast
 (Imagem: www.e-farsas.com)


“(...) as representações sociais veiculadas em anúncios publicitários desempenham uma parte importante, senão a mais importante, na relação entre publicidade e sociedade”.
(GASTALDO, 2013, p.20)


A cosmovisão do ser humano está relacionada as representações mentais, a publicidade estuda o seu público alvo observando seu comportamento na sociedade, hábitos, interesses e necessidades.      


EXCLUSÃO SOCIAL

Os desejos estão ligados diretamente aos sonhos, são “representações mentais” que estimulam o homem a interagir socialmente e estimulados pela publicidade se tornam consumidores de produtos, aos quais, se identificam, e ou, sentem-se excluídos, Shakespeare diz que "Somos feitos da matéria de que são tecidos os sonhos e a nossa vida tão curta tem por fronteira um sono."


“(...) os anúncios publicitários são parte do sistema de produção discursivas das sociedades capitalistas, e, como tal, são portadores de representações sociais acerca da sociedade a qual se dirigem e na qual foram concebidas. ” (GASTALDO, 2013, p.47)

A publicidade é responsável em alguns casos por conduzir o subconsciente humano, influenciando com necessidades efêmeras levando a tomada de atitudes impulsivas e impensáveis. Quando não se tem a opção de diálogo o ser torna-se objeto, sendo manipulado em suas decisões.

 “O universo das imagens publicitárias, assim, pode ser considerado uma janela reveladora que se abre sobe uma espécie de ‘mundo das ideias’ (parafraseando Platão), ou, quem sabe, um ‘melhor dos mundos’ como talvez acreditaria o ‘Cândido’ de Voltaire, construído com um somatório de símbolos dos desejos da sociedade que o engendrou. ”  (GASTALDO, 2013, p.27)
Os estereótipos criados pelos anúncios, são reflexos da sociedade e das necessidades do consumidor, os “sofistas” precisam de referências do público a ser atingido e se a peça segue determinado tema, tem como foco os anseios e desejos humanos.

TÁTICAS PERSUASIVAS DA PUBLICIDADE

O profissional de comunicação carrega em seu repertório diversas “armas”, que são aplicadas a grande massa com estímulos que buscam o emocional do consumidor, mas existe outra categoria de consumidor o “Shopper” um consumidor mais exigente e atento as manobras persuasivas que os cercam.

“Mensagem aberta e oculta, em publicidades disfarçadas, nas quais a mensagem paga aparece sobe o disfarce de uma matéria de jornal, por exemplo, o anunciante tenta ocultar que se trata de publicidade. Aliás, as estratégias para se evitar qualquer referência a compra e venda são as mais imaginativas(...) quase sempre a mensagem se restringe a uma mera apresentação do produto ou de sua marca “.
                                        (GASTALDO, 2013, p.14)


A publicidade ciente dos Shoppers desenvolve Jobs que despertem a sua curiosidade, os conduzam a um assunto de seu interesse e sendo levados a inserção em segundo plano de um produto, marca ou serviço especifico.

“A moldura pragmática da sociedade descreve os atos ou ações dos envolvidos no processo publicitário (cf.grego pragma = ação). Todo processo publicitário implica uma sequência de dois atos, grosseiramente um de persuasão e um de venda”.
(SANTAELLA, 2010, p. 15)


A persuasão trabalha com o alvo semiótico direcionado na informação e feedback entre emissor e receptor com a criação de uma convicção. A venda envolve atos financeiros com o relacionamento disposto pela troca de bens.
“ a etnografia é um método antropológico em que os pesquisadores convivem em um grupo humano tendo em vista compreender –por meio da observação atenta, participativa, mas não interferente-seus hábitos, costumes, crenças, rituais, enfim, seu modo de vida. (...)”.
(SANTAELLA, 2010, p. 56)



A etnografia caracteriza-se por ser um tipo de pesquisa qualitativa, com foco no dia-dia do consumidor, atuando dentre os caminhos semióticos.    

LEITURA SEMIÓTICA LOGO

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                                   (Imagem da internet)

 Leitura semiótica VIVO: “do lado esquerdo, na linha que une e separa o braço e a perna. A mesma forma se repete do lado direito e na abertura da perna a integração entre a palavra e o logo é visualmente perfeita. Isso se acentua ainda mais quando se nota que o O de VIVO também fica replicado na cabeça do logo. Conclusão, o desenho gráfico da palavra encontra-se contido no próprio logo. Cumpre ainda a notar que o pingo no i também tem a forma redonda do O.”   (SANTAELLA, 2010, p. 200)

A primeira impressão que o receptor recebe ao deparar-se com um logotipo, pode causar atração, repulsa ou indiferença. O design de um logo deve ser estudado para que transpareça ao receptor toda imagem que a empresa deseja passar, o logotipo carrega em seu contexto composicional cores, formas, volumes, tipografia, entre outros estudos que, envolvam e causem um loop na mente do consumidor.



BIBLIOGRAFIA

LIVROS

GASTALDO, Édison. Publicidade e Sociedade: uma perspectiva antropológica / Édison Gastaldo. – Porto Alegre: Sulina, 2013.

SANTAELLA, Lucia. Estratégias semióticas da publicidade / Lucia Santaella, Winfried Nöth. – São Paulo: Cengage Learning, 2010.

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