quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Sociologia Aula 03 (PSS) - Auguste Comte e o Positivismo


SOCIOLOGIA – AULA 3


Data: 28/10/2016
Turma: Processo Seletivo Seriado
Tema: Auguste Comte
Profª Talita Godoy
Extraído dos sites abaixo citados


TEXTO I

AUGUSTE COMTE E O POSITIVISMO

Auguste Comte (1798-1857) foi considerado o fundador do positivismo, corrente que propõe uma nova organização social. Nasceu em Montpellier, França, no dia 19 de janeiro de 1798, onde fez os seus primeiros estudos.
Em 1814 ingressa no curso de Medicina na Escola Politécnica de Paris, de onde é expulso por causa de suas ideias. Tornou-se conhecido da intelectualidade francesa depois que foi secretário do socialista e filósofo Saint-Simon, de quem mais tarde viria a romper a amizade, por divergências ideológicas.

Ciência Social
Comte passou a estudar as possibilidades de esboçar em teoria, um modelo ideal de sociedade organizada. A partir de 1818, elaborou sua concepção da Ciência Social que ele chamou de Sociologia. Sua doutrina considerou a "ciência positiva", baseada nos fatos, como o único fator de estabilidade do universo. Em 1822, publicou "Plano de Trabalhos Científicos para Reorganizar a Sociedade". Em 1830, iniciou o livro "Curso de Filosofia Positiva", concluído em 1842. Em 1848, criou uma "Sociedade Positivista", que teve muito adeptos e influenciou o pensamento de teóricos por todo o mundo.

Na obra "Discurso sobre o Espírito Positivo", escrita em 1848, Comte afirma que o espírito positivo, que compreende a inteligência, os sentimentos e as ações positivas, é maior e mais importante que a mera cientificidade, que abrange somente questões intelectuais. Na obra "Sistema de Política Positiva" Comte institui a "Religião da Humanidade" que se caracteriza pela busca da unidade moral humana.

Importante ressaltar que as ideias do positivismo inspiraram até a inscrição da bandeira brasileira "Ordem e Progresso", tendo por base o lema de Auguste Comte que diz: "Amor como princípio, ordem como base e progresso como objetivo". Suas ideias inspiraram o exército brasileiro e a proclamação da República do Brasil em 1889.

O pensamento positivista pregava um modelo de sociedade organizada, onde o poder espiritual não teria mais importância, sendo os sábios e cientistas a primazia nas decisões. Entre seus lemas destaca-se: "Não há problema que não possa em última instância ser reduzido a números".
Auguste Comte morreu em Paris, França, no dia 5 de setembro de 1857.


Obras de Auguste Comte

Plano de Trabalho Científico para Reorganizar a Sociedade, 1822
Opúsculos de Filosofia Social, 1816-1828
Curso de Filosofia Positiva, 1830-1842
Discurso sobre o Espírito Positivo, 1848
Discurso sobre o Conjunto do Positivismo, 1848
Catecismo Positivista, 1852
Sistema de Política Positiva, 1851-1854
Apelo aos Conservadores, 1855
Síntese Subjetiva, 1856


Considerações gerais

Física Social = Sociologia = nega os fenômenos naturais e sociais provenientes de um único princípio: Deus ou a natureza.
Sociologia: investigação do real; observação; experimentação; comparação; classificação com métodos. Dados sensíveis.
Adota critérios positivistas.
Baseia-se em outras ciências: biologia, física, química, matemática e astrologia.
Objeto de estudos: análise dos aspectos constantes da sociedade.


Estágios / Estados
1     
      TEOLÓGICO: mitos e crenças.
2     METAFÍSICO: construção do conhecimento, porém em estado intermediário, pois ainda não se libertou das abstrações (estágio anterior).
     POSITIVO: científico, relativismo.


Surgimento da Sociologia

O surgimento da Sociologia significou o aparecimento da preocupação com seu mundo e a sua vida em grupo, numa nova perspectiva, livre das tradições morais e religiosas. Desencadeou-se então a preocupação com as regras que organizavam a vida social. Regras que pudessem ser observadas, medidas e comprovadas, capazes de dar ao homem explicações plausíveis, num mundo onde passou a imperar o racionalismo, isto é, a crença no poder da razão humana de alcançar a verdade. Regras, enfim, que tornassem possível prever e controlar os fenômenos sociais.

A constituição deste campo de conhecimento significou, antes de mais nada, que as relações entre os homens mereciam ser conhecidas e formuladas por uma nova forma de linguagem e discurso – o científico – o qual, na sociedade moderna, adquiriu o estatuto de ‘verdade’. A partir de então o homem começou a elaborar métodos e instrumentos de análise capazes de explicar e interpretar sua experiência social de maneira científica. Isso equivaleu a criar, como nas demais ciências, métodos de averiguação e medição e a fazer formulações sobre a sociedade que pudessem ser comprovadas empiricamente – isto é, pela observação e experimentação -, de modo a tornar a ação social humana explicável em termos de regularidade e previsões.

“Assim, o ‘objeto’ da sociologia como ciência, ou seja, como aquilo que a sociologia estuda, constitui-se historicamente como o conjunto de relacionamentos que os homens estabelecem entre si na vida em sociedade – relações de cooperação, conflito, interdependência etc. Interessa para a sociologia, portanto, não o indivíduo isolado, mas inter-relacionado com os diferentes grupos sociais dos quais faz parte, como a escola, a família, as classes sociais etc.   

FONTE:
TOMAZI, Nelson Dácio (coord.). Iniciação à Sociologia.  São Paulo: Atual, 1993.





TEXTO II

 INTRODUÇÃO
A visão científica positivista dos fatos, não permite o uso de entidades não observáveis nas deduções científicas. Essa visão de mundo refletiu no plano filosófico e, embora criticada no plano teórico, teve muita influência no plano prático.
positivismo Comtiano não pretende ser somente uma filosofia, mas mostrar a necessidade de uma reforma social fundamentando-se na descrição e análise objetiva dos fatos ou fenômenos.

AUGUSTO COMTE
Filósofo e sociólogo francês(19/01/1798-05/09/1857), é considerado o fundador do positivismo. Nasceu em Montpellier, filho de um fiscal de impostos. Aos dezesseis anos, ingressou na Escola Politécnica, recebendo influência do pensamento científico de Carnot, Lagrange e Laplace. Em 1816, a Escola Politécnica foi temporariamente fechada, devido a questões políticas. No ano seguinte, Comte tornou-se secretário do filósofo Sain-Simon, de cujo pensamento social e político recebeu profunda influência. Em 1824, discordâncias teóricas provocaram a separação desses dois pensadores. Neste mesmo ano casou-se com Caroline Massin e passou a ministrar aulas particulares de matemática.
Dois anos depois, Comte iniciou em sua própria casa um curso, onde pretendia abordar as idéias centrais de sua filosofia. Contudo, uma crise mental seguida de profunda depressão, sofrida pelo filósofo, impediu-o de levar adiante seu projeto. Em 1832, Comte retornou à Escola Politécnica, na função de repetidor de análise matemática e de mecânica. Apesar de várias tentativas, jamais conseguiu ucupar uma cátedra nesta escola. Em 1842, Comte separou-se de sua esposa. Dois anos depois, perdeu seu cargo, passando a depender de amigos e admiradores. Em 1844, conheceu Clotilde de Vaux, por quem se apaixonou. Esta relação influenciou seu pensamento a ponto de criar uma nova religião, a religião da humanidade.
Algumas de suas principais obras são: plano de trabalhos científicos necessários à reorganização da sociedade; curso de filosofia positiva; sistema de política positiva; catecismo positivista.


 POSITIVISMO – CONCEITO

Corrente de pensamento formulada na França por Augusto Comte. O termo identifica a filosofia que busca seus fundamentos na ciência e na organização técnica e industrial da sociedade moderna. O método científico é o único válido para se chegar ao conhecimento. Reflexões ou juízos que não podem ser comprovados pelo método científico, como os postulados da metafísica, não levam ao conhecimento e não tem valor.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO POSITIVISMO:

O objetivo do método positivo de investigação é a pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos naturais. Assim, o positivismo diferencia-se do empirismo puro porque não reduz o conhecimento científico somente aos fatos observados. É na elaboração de leis gerais que reside o grande ideal das ciências. Com base nessas leis, o homem torna-se capaz de prever os fenômenos naturais, podendo agir sobre a realidade. Ver para prever é o lema da ciência positiva. O conhecimento científico torna-se, desse modo, um instrumento de transformação da realidade, de domínio do homem sobre a natureza. As transformações impulsionadas pelas ciências visam o progresso ; este, porém, deve estar subordinado à ordem. Temos, então, um novo lema positivista aplicado à sociedade:ordem e progresso.
Na obra Discurso sobre o espírito positivo, Comte aponta as características fundamentais que distinguem o positivismo das demais filosofias:
Realidade – pesquisa de fatos concretos, acessíveis à nossa inteligência, deixando de lado a preocupação com mistérios impenetráveis, referentes às causas primeiras e últimas dos seres.;
Utilidade – busca de conhecimentos destinados ao aperfeiçoamento individual e coletivo do homem, desprezando as especulações ociosas, vazias e estéreis;
Certeza – obtenção de conhecimentos capazes de estabelecer a harmonia lógica na mente do próprio indivíduo e a comunhão em toda a espécie humana, abandonando as dúvidas indefinidas e os intermináveis debates metafísicos;
Precisão – estabelecimento de conhecimentos que se opõem ao vago, baseados em enunciados rigorosos, sem ambigüidades;
Organização – tendência a organizar, construir metodicamente, sistematizar o conhecimento humano;
Relatividade – aceitação de conhecimentos científicos relativos. Se não fosse relativos, não poderia ser admitida a continuidade de novas pesquisas, capazes de trazer teorias com teses opostas ao conhecimento estabelecido. Assim, a ciência positiva é relativa porque admite o aperfeiçoamento e a ampliação dos conhecimentos humanos.


LEI DOS TRÊS ESTADOS

A lei dos três estados resume o pensamento de Comte sobre a evolução histórica e cultural da humanidade. Conforme escreveu em seu Curso de filosofia positiva, essa lei consiste  em que cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos diferentes: estado teológico ou fictício, estado metafísico ou abstrato, estado científico ou positivo.
Vejamos como o próprio Comte caracteriza cada um desses três estados:
No estado teológico – o espírito humano, dirigindo essencialmente sua investigações para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenômenos como produzidos pela ação contínua e direta de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo.
No estado metafísico – que no fundo nada mais é do que simples modificação geral do primeiro: os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades(abstrações personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste, então, em determinar para cada uma entidade correspondente.
No estágio positivo – o ser humano desiste de procurar as causas íntimas dos fenômenos para, através da observação e do método científico, estabelecer as leis gerais que os regem. O estado positivo, portanto, corresponde à maturidade do espírito humano que não é mais enganado por explicações vagas, uma vez que pode alcançar o real, o certo e o preciso.


CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS

As ciências no decurso da história, não se tornaram “positivas” na mesma data, mas numa certa ordem de sucessão que corresponde à célebre classificação: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia.
Das matemáticas à sociologia a ordem é a do mais simples ao mais complexo, buscando uma proximidade crescente em relação ao homem.
Esta ordem corresponde à ordem histórica da aparição das ciências positivas. As matemáticas – que com os pitagóricos eram ainda, em parte, uma metafísica e uma mística do número – constituem-se, entretanto, desde a antiguidade, numa disciplina positiva – elas são, aliás, para Comte, antes um instrumento de todas as ciências do que uma ciência particular. A astronomia descobre bem cedo suas primeiras leis positivas, a física espera o século XVII para, com Galileu e Newton, tornar-se positiva. A oportunidade da química vem no século XVIII (Lavoisier). A biologia se torna uma disciplina positiva no século XIX. O próprio Comte acredita coroar o edifício científico criando a sociologia.
Para Comte, as ciências mais complexas e mais concretas dependem das mais abstratas – é preciso ser matemático para saber física. Um biólogo deve conhecer matemática, física e química . entretanto, se as ciências mais complexas dependem das mais simples, não podemos deduzi-las de, nem reduzi-las a estas últimas.

A REFORMA DA SOCIEDADE
A reforma da sociedade proposta por Comte deveria obedecer aos seguintes passos: reorganização intelectual, depois moral e, por fim, política. Segundo ele, a Revolução Francesa destruiu uma série de valores importantes da sociedade tradicional européia, não sendo capaz, entretanto, de impor novos e permanentes valores para a emergente sociedade burguesa. E nisso residia a grande tarefa a ser desempenhada pela filosofia positiva: restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
Em relação aos conflitos entre proletários e capitalistas, Comte assumiu uma posição considerada reacionária e conservadora. Defendendo a legitimidade da exploração industrial, concordava com a divisão das classes sociais e considerava indispensável a existência dos empreendedores capitalistas e dos operadores diretos, o proletariado. Para os trabalhadores, defendia um tipo de doutrinação positivista destinada a confirmar a necessidade dos trabalhos práticos e mecânicos, inspirando o gosto por eles, quer enobrecendo seu caráter habitual, quer adoçando suas conseqüências penosas. Conduzindo, de resto, a uma sadia apreciação das diversas posições sociais e das necessidades correspondentes, predispõem a perceber que a felicidade real é compatível com todas e quaisquer condições, desde que sejam desempenhadas com honra e aceitas convenientemente.

A RELIGIÃO DE COMTE

Nos últimos quinze anos de sua vida, Comte decidiu criar uma nova seita religiosa, denominada Religião da Humanidade. A deusa dessa religião tinha os traços de sua amada Clotilde de Vaux e os “santos” eram pensadores como Dante, Shakespeare, Galileu, Adam Smith etc.
Elaborou também o Catecismo Positivista, destinado a difundir os princípios religiosos da nova seita. Nessa obra, deixou explícitas suas verdadeiras intenções, formulando o que estava oculto em outros trabalhos anteriores, isto é, suas concepções dogmáticas, autoritárias e conservadoras.
A Religião da Humanidade, fundada por Comte, sobre a Angélica inspiração de Clotilde, pode ser caracterizada como a Religião do Amor, a Religião da Ordem ou a Religião do Progresso. O amor procura a Ordem e leva ao Progresso; a Ordem consolida o Amor e dirige o Progresso; o Progresso desenvolve a Ordem e conduz ao Amor, daí, a característica do positivismo – Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim.

A INFLUÊNCIA POSITIVISTA NO BRASIL

O Brasil foi o país do mundo onde a influência de Augusto Comte se fez mais sentir. Os apóstolos brasileiros que mais trabalharam no sentido de propagar o positivismo foram: Miguel Lemos, Raymundo Teixeira Mendes e Benjamin Constant.
Uma grande influência do positivismo de Comte em nosso país está em um dos nossos símbolos nacionais – é de Comte a ideia de “Ordem e Progresso”, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano.



FONTE: