“O que todos os empreendedores de sucesso têm em comum não é um certo
tipo de personalidade, mas um compromisso com a prática sistemática da
inovação”
(DRUCKER, 1989).
Podemos afirmar que a
criatividade está para as pessoas assim como a inovação está para as empresas.
Esta é uma forma simples de enxergar a questão. A relação entre a inovação e as
organizações é muito mais extensa e complexa.
Uma pessoa que não gosta de riscos
e é pouco criativa pode ter mais dificuldades em chegar às suas metas e aos
seus objetivos e também levar mais tempo para resolver as dificuldades, seus
problemas. Apesar disso, sua vida é normal e ela não se ressente de maiores
problemas por conta dessa característica.
Não se pode pensar da mesma forma
quando se trata de uma empresa. A maioria das empresas que não tenta inovar,
mais dia ou menos dia, vai sentir o resultado dessa postura, podendo chegar ao
ponto de encerrar sua existência. Isso significa que a inovação, quando se
trata de empresas, não é somente uma questão de fazer as coisas de forma
benfeita ou da melhor maneira. Em muitos casos, é uma questão de sobrevivência.
Por que isso ocorre? Porque, na
condição individual, as pessoas acham vários modos de realizar ou atingir seus
objetivos. Os objetivos pessoais variam muito quando se de pessoas. Nas
empresas, não é assim. Por mais diferente que seja o seu formato, a meta é,
quase sempre, produzir lucros e assegurar a sobrevivência e continuidade dos
negócios.
Para conseguir esta posição, é
necessário ter um bom desempenho que indica a saúde da empresa e sua capacidade
de atrair. Isso é conseguido quando existem clientes suficientes para consumir
seus produtos e não os da concorrência.
Manter os negócios e a empresa
sem grandes inovações foi relativamente possível nos primeiros 30 ou 40 anos
após as revoluções tecnológicas que surgiram no século XX. Havia muitas
novidades a consumir e, enquanto não se esgotavam essas possibilidades, quem fabricava
impunha ao mercado aquilo que sabia fazer.
Na razão direta da popularização
das novidades da época, o avanço da tecnologia entrou em um ritmo mais veloz, e
as empresas que não estavam preocupadas com a inovação sentiram a diminuição
das suas vedas e viram seus negócios começarem a ser impactados pelos novos
tempos. Como consequência, as margens de lucro começaram a cair rápido demais.
O que se viu? O surgimento de
novos concorrentes, de forma muito rápida e em volumes nunca vistos. Havia,
então, a necessidade de encontrar maneiras e caminhos para se diferenciar das
marcas que não paravam de surgir. Essa diferenciação ganhou o nome de inovação.
Atualmente, o que se sabe é que
ter uma estrutura de custos bem organizada e enxuta, além de ter processos produtivos
modernos e bem administrados, não é o suficiente para crescer e, em muitos
casos, nem sobreviver. Se a concorrência é inovadora, você precisa inovar,
preferencialmente, mais ainda.
Antes de qualquer consideração, é
preciso mencionar o nome de Joseph Schumpeter (apud ACADEMIA PEARSON, 2011),
professor da Universidade de Harvard. Ele deu forma a dois conceitos que se
tornaram referência aos estudos sobre inovação. São eles: destruição criativa e
ciclo econômico.
Segundo Schumpeter, o capitalismo
nunca alcança a estabilidade, pois se espera que ele viva em constante
evolução. Períodos de expansão e de recessão fazem parte do processo do
capitalismo.
O que move essa evolução é
originado por fatores externos (guerras, revoluções), em função do crescimento
da população e do capital e da inovação, que é um fator inerente do sistema. O
crescimento do capitalismo move-se de dentro para fora já que cria novos bens e
produtos de consumo, novos mercados, novos consumidores, novos modelos de
produção, transporte e distribuição e novos formatos de organização das
empresas.
Faz parte da atitude do sistema
capitalista destruir antigos modelos e substituir por novidades. Esse processo
que não para é o que Schumpeter chama de destruição criativa.
Entende-se que
quando o processo inovatório é mais forte do que em determinado setor, esse
setor transforma-se em líder da economia. É relativamente fácil perceber isso
observando nosso mercado como consumidores. Essa liderança proporcionará à
empresa uma época de prosperidade até que apareça um concorrente mais ágil e
mais criativo e tome dela essa liderança.
Esse movimento de rotação
contínuo provoca o que é chamado de ciclos econômicos, representados por
grandes ondas de prosperidade. Essas ondas são seguidas por depressões de
estagnação e recessão.
Além de Schumpeter, outro nome
importante para os estudos da inovação é Peter Drucker (apud ACADEMIA PEARSON,
2011), considerado o pai da Administração Moderna. Segundo Drucker, a única
razão para a existência de uma empresa são seus clientes, portanto empresas têm
como funções básicas o marketing e a inovação.
De acordo com Drucker, não é
necessário que a empresa ou o negócio se tornem maiores, mas necessariamente
nunca deixem de se transformar para melhor. Isso significa inovar!
Drucker também criou a ideia da
empresa inovadora. Esse conceito explica que não bastam grandes investimentos
em pesquisa e desenvolvimento. O que é necessário é que haja uma atitude
voltada para a inovação.
“A organização inovadora
compreende que a inovação começa com uma ideia e estimula e orienta os esforços
para transformar essa ideia em um produto, processo ou tecnologia. A
organização mede as inovações não por sua importância científica ou
tecnológica, mas por aquilo que contribuem para o mercado e consequentemente
para o cliente. Considera a inovação social tão importante quanto a inovação
tecnológica. A empresa inovadora não começa com ´um orçamento de pesquisa´;
começa determinando quanta inovação será necessária para permanecer no mesmo nível" (DRUCKER, 1989, P.256).
Já sabemos que o capitalismo dá
origem à destruição criativa e aos ciclos econômicos. Eles são necessários para
que o capitalismo se mantenha preferencialmente em crescimento ou, ao menos,
vivo.
Se assim é, podemos afirmar que a
maioria dos produtos já nascem com ciclo definido de viver em várias fases e,
ao final, morrer ou desaparecer e ser substituído por outro, mais moderno ou
mais necessário.
Isso significa que a maioria das
empresas precisa preparar-se para enfrentar o fim ou a substituição dos seus
produtos, ou morrerão com eles.
A boa notícia é que há
instrumentos e ferramentas para analisar o desempenho de um produto. É possível
prever e considerar a aproximação do declínio e tomar providências para se
manter no mercado ou para se preparar para substituí-lo e não experimentar um
declínio acentuado das receitas de vendas e, por consequência, dos lucros.
UM POUCO MAIS SOBRE INOVAÇÃO
A primeira coisa que não podemos
perder de vista é que não basta gerar conhecimento se não puder torna-lo
aplicável na forma de m produto prático e vendável. A segunda coisa que
precisamos lembrar é que a inovação não se refere somente à produtos, mas
também a processos. Além de criar produtos inovadores, é também importante
conceber modelo e forma de produção inovadores. Os processos inovadores
aumentam a capacidade de inovação do produto e aumentam substancialmente a
capacidade de baixar custos e aumentar a produtividade. O desenvolvimento de
novos produtos e de novas formas de produção faz parte da inovação. Sem eles,
as inovações ficariam somente na condição de boas ideias.
Falando de inovação e
desenvolvimento de produtos, uma empresa tem basicamente as alternativas
listadas a seguir:
· - Produtos novos. Aqueles que criam novos
mercados;
· - Linhas de produtos novos que dão à empresa a
possibilidade de entrar em mercados já existentes, mas ainda novos para a
empresa;
· - Aumentos nas linhas de produtos já existentes,
ou seja, incrementos nas linhas já produzidas e comercializadas. Novos
atributos, cores, tamanhos etc;
· - Melhoramento e revisão de produtos existentes.
Novos produtos que venham a substituir outros no mercado, mas com melhor
desempenho e maior valor agregado que deve ser percebido pelo cliente. Um bom
exemplo são os novos sabões lava roupa com amaciante que começam a substituir
os sabões tradicionais e os amaciantes (2 produtos em um só);
· - Reposicionamentos que são a forma de
redirecionar os produtos para novos segmentos e mercados;
· - Redução de custo. Novos produtos parecidos com
os já existentes, mas com custo de produção mais baixo.
Estima-se que 9% dos produtos
desenvolvidos são novidades consideradas realmente inovadoras. A maioria dos movimentos
nesta área é voltada para melhorar e aperfeiçoar produtos já existentes. Apesar
do número baixo, afirma-se que a inovação contínua é questão fundamental de
muitas empresas. As empresas que conseguem ser inovadoras distinguem-se por uma
atitude positiva com o assunto, pois, geralmente, são incentivadoras do
processo inovatório.
No processo de inovação em
produtos e processos, estão envolvidos diferentes profissionais. Cada um tem
sua visão do processo. Cada um enxerga uma parte do processo. Quando se
consegue que todos trabalhem com sinergia e de forma colaboradora, são maiores
as chances de sucesso.
Aula de Empreendedorismo, inovação e criação de negócios
Curso de Secretariado Executivo
Setembro / 2014
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